quinta-feira, 19 de junho de 2014

VINHO MOSCATEL - POESIA DE LUZ E SOMBRAS

NALDOVELHO

A realidade quando aprisionada no céu das nossas bocas solta um gosto amargo... Pura vingança contra quem escolheu viver só de ilusão. Por isto eu caminho pela vida procurando observar os detalhes, não só os de se ver,  mas também, e principalmente, aqueles de se perceber.

Sei, por exemplo, que depois daquela esquina existe um pote cheio de magia,  que só os que nela acreditam conseguem merecer e que estar apaixonado pela lua quase sempre tem um preço, e eu que não sou bobo nem nada, paguei uma vez, fiquei falido, mas quase morri de prazer.

Sei também o quanto custa curar mordida ardida de sereia... Até hoje guardo cicatrizes que quanto bate a maré cheia latejam e começam a arder, e que lá em casa tem uma torneira que quando fica mal fechada goteja palavras poemas, e beber gota a gota, alivia a dor de uma saudade, ou a nostalgia de crescer. Pois não sei se você sabe que crescer dói mais que mordida de lacraia, só que lá no âmago do nosso ser.

Sei de ouvir falar que arroz não se come com macarrão e que macarrão não combina com feijão. Mas eu não quero nem saber, como tudo junto e misturado, pois vivi uma vida toda comendo errado e ainda ponho em cima um pouco de carne moída e ovo estrelado, tudo isto muito bem regado com uma garrafa de vinho moscatel... Vocês precisam ver!

Sei que de tanto observar as coisas, eu estou ficando sabido, e sempre tomando o cuidado de não deixar nada aprisionado no céu da minha boca, para não permitir o amargo e poder a cada dia ou poema, contar um pouco mais a vocês.   



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