terça-feira, 24 de junho de 2014

A BOCA DA NOITE (R)

   NALDOVELHO

   A boca da noite
   engoliu meus sonhos
   e deixou fim de festa,
   ardência nos olhos,
   nebulosidade de outono,
   prenúncio de inverno,
   vento frio, abandono.
   Deixou também nostalgia,
   um álbum de retrato,
   terceira gaveta,
   lado esquerdo do armário,
   e deixou poesia
   molhada de orvalho,
   cicatrizes espalhadas pelo corpo,
   algumas ainda doem,
   outras são como medalhas,
   batalhas travadas
   pelas trilhas desta vida.

   A boca da noite
   engoliu meus sonhos,
   mas forjou em minha alma
   uma vontade inquebrantável
   de continuar na jornada,
   pois ainda que eu morra mil vezes,
   no caminho continuarei,
   este é o meu rito sagrado,
   esta é a minha lei.

Um comentário:

  1. Continuo a seguir suas leis.
    Parabéns por mais esse poema.
    Abraços.
    Uly Riber

    ResponderExcluir