segunda-feira, 2 de junho de 2014

MADRUGADAS FRIORENTAS DE MAIO - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

    
    NALDOVELHO

    Eu sei de um tempo de terra molhada,
    de casa avarandada na beira da praia,
    de caminhos abençoados pela neblina
    num amanhecer friorento de maio.

    Eu sei de um tempo encharcado de carinho,
    do olhar amoroso a envolver o menino,
    da ternura que colhíamos a cada passo,
    das águas de um rio a jorrar dos seus braços.

    Eu sei de um tempo de suavidades,
    palavras colhidas num livro de poemas,
    café encorpado, cigarro compartilhado,
    dias e noites aconchegado ao seu lado.

    Eu sei de muitas coisas preciosas, sagradas,
    mas também sei da saudade malvada,
    da solidão que toma conta do meu quarto,
    de acordar e saber que eu me perdi de você.

    Eu sei do tempo entrelaçando enredos,
    de caminhar pela vida exorcizando meus medos,
    do livro de contos que eu prometi a você,
    que por mais que eu tente não consigo escrever.

    Eu sei que o meu tempo um dia termina
    e que a varanda daquela casa assombra meus sonhos
    nas madrugadas molhadas e friorentas de outono...
    Já perdi a conta dos poemas dedicados a você. 

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