domingo, 22 de junho de 2014

A FIGUEIRA E A AZALEIA - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

    
    NALDOVELHO

    Outro dia numa conversa
    reservada com uma figueira
    que eu tenho no quintal lá de casa,
    ela me confidenciou entristecida,
    estar apaixonada por azaleia
    e que o jasmim, por inveja ou ciúme,
    havia formalizado uma denúncia
    aos rigores do monsenhor.

    Como aqui lá em casa é uma monarquia,
    eu levei o caso à rainha
    que prontamente ordenou
    que eu verificasse se era recíproco,
    e assim sendo providenciasse um vaso enorme
    e para lá transplantasse azaleia,
    colocando-a ao lado do seu amor.

    Nunca vi uma azaleia tão florida,
    nem frutos com tanto sabor.

    Monsenhor ficou irritado
    e exasperado argumentou,
    mas eu prontamente lhe disse
    ser apenas um poeta,
    uma espécie de bobo da corte,
    e que apesar de ter acolhido
    as ordens com muito bom grado,
    eram ditames da rainha
    e que ali era um estado laico,
    portanto ele que ficasse quieto
    e parasse de nos causar dissabor.  



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