sábado, 28 de junho de 2014

O TEMPO QUE EU TENHO

    NALDOVELHO

    O tempo que eu tenho
    abre sulcos no meu corpo
    e expõe tramas de veias,
    vida que escoa impunemente
    engolida pelas areias
    de uma ampulheta que ninguém vê.

    A dança do tempo que eu tenho
    adora os compassos de uma valsa,
    e a melodia pulsa pelas ruas da cidade,
    e diz que a existência é uma criança,
    que mesmo depois, continuará a florescer.

    E eu que já sangrei tantas vezes,
    que morri e amanheci poeta,
    que fui ao mesmo tempo
    aspereza e delicadeza,
    sei que mesmo depois
    de desembocar no mar,
    continuarei a navegar.

    O tempo que eu vivo
    deixa marcas em minha alma
    e são elas que vão me diferenciar
    das outras gotas no mar. 

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