NALDOVELHO
Fios embaraçados
na trama,
tapeçaria
inacabada,
tecido
esgarçado,
folhas de
papel rasgadas,
livros e
discos
espalhados
pelo quarto.
Do parapeito
da janela
um anjo entristecido
assiste a minha
demolição.
Manhã cedo, novembro,
dia chuvoso,
estranho
e eu perdido
em meus sonhos,
e sem mais
nem menos,
pedaços de
mim mesmo
espalhados
pelo chão.
Meu braço
direito
num canto do
quarto,
o esquerdo perto
da janela
tenta
alcançar a cortina, em vão!
Minhas
pernas já nem sei onde estão
e os meus
olhos choram
presos a
minha imensidão.
Assim de
repente eu amanheço
e me vejo fio
de esperança
trançado no
tecido solidão.
Tapeçaria
inacabada
misturada
aos escombros.
E o anjo
entristecido
tenta me dizer alguma coisa,
mas eu não falo
a língua dos anjos,
nem poesia
eu sei mais!
Hoje eu só
tenho palavras ocas,
vazias e loucas,
perdidas em meio à demolição.
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