NALDOVELHO
Por favor, fique a vontade,
deixe-me abrir a janela da sala,
entardece e um vento refrescante
costuma me visitar.
Um café, uma cigarrilha?
Perdoe-me, por momentos
eu esqueci que deixei de fumar.
Lá fora o mês é novembro,
um calor infernal.
Aqui dentro é primavera,
e eu desconfio que o verão
não tarda a chegar.
Esta vendo aquela brochura,
terceira prateleira da estante,
segunda da direita para a esquerda?
É o meu livro de contos,
ainda não consegui terminar!
Toda a vez que começo a escrever,
vem na mente um poema,
palavras que não consigo conter.
E o que resta é o tic-tac nervoso
de um relógio preso a parede,
cachorros assustados a uivar,
um tabuleiro de xadrez
e mais uma partida para se jogar.
Diálogo travado com a morte,
que volta e meia vem me visitar,
só para lembrar que ainda há tempo,
e que eu preciso continuar a tentar.
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