terça-feira, 4 de novembro de 2014

DIÁLOGO TRAVADO COM A MORTE

    NALDOVELHO

    Por favor, fique a vontade,
    deixe-me abrir a janela da sala,
    entardece e um vento refrescante
    costuma me visitar.
    Um café, uma cigarrilha?
    Perdoe-me, por momentos
    eu esqueci que deixei de fumar.

    Lá fora o mês é novembro,
    um calor infernal.
    Aqui dentro é primavera,
    e eu desconfio que o verão
    não tarda a chegar.

    Esta vendo aquela brochura,
    terceira prateleira da estante,
    segunda da direita para a esquerda?
    É o meu livro de contos,
    ainda não consegui terminar!
    Toda a vez que começo a escrever,
    vem na mente um poema,
    palavras que não consigo conter.

    E o que resta é o tic-tac nervoso
    de um relógio preso a parede,
    cachorros assustados a uivar,
    um tabuleiro de xadrez
    e mais uma partida para se jogar.

    Diálogo travado com a morte,
    que volta e meia vem me visitar,
    só para lembrar que ainda há tempo,
    e que eu preciso continuar a tentar.

  

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