sexta-feira, 12 de setembro de 2014

SOB O MANTO DA INQUIETUDE

    NALDOVELHO

    Sob o manto da inquietude
    o tempo se debate,
    abre sulcos em meu rosto,
    enrijece minhas veias,
    minhas pernas enfraquecidas,
    já não posso mais ousar.

    Sob o manto da inquietude
    muitas portas, amplitudes,
    uma casa abandonada,
    madrugadas pelas ruas,
    amadureço pela vida
    destilando minha loucura.

    Sob o manto da inquietude
    muitos sonhos, muitas perdas,
    e os amores que eu tentei
    deixaram marcas, incertezas,
    mas teve aquela que ficou
    e trouxe paz ao invés de dor.

    Sob o manto da inquietude
    deixei sementes, meus poemas,
    o meu sangue em suas veias
    e um baú de delicadezas
    que eu levo, certamente, comigo
    no dia que eu partir.

    Sob o manto da inquietude
    eu vivi e deixei viver.


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