sábado, 6 de setembro de 2014

POESIA

    NALDOVELHO

    No lento desgaste das horas,
    a pele enruga, o vinho envinagra,
    a visão fica turva, o tecido esgarça,
    o pó e o mofo aparecem,
    braços e pernas enfraquecem,
    meu mundo fica em ruínas.
    Mas minha alma não!
    apenas amadurece.
    A poesia sobrevive
    na eternidade dos caminhos,
    na diversidade dos destinos.
    Este é o grande milagre,
    algo em que podemos acreditar.
    No lento desgaste das horas
    já não sei o meu nome,
    já nem lembro onde moro,
    mas nunca vou esquecer
    o que eu sou.

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