domingo, 19 de outubro de 2014

INQUIETUDE

   NALDOVELHO

   Como se fosse a fome
   ela doeu em meu estomago,
   revirou minhas entranhas,
   me jogou num labirinto,
   até hoje busco a saída,
   uma trilha, um fio de esperança
   trazido por um novelo de lã.

   Como se fosse a nostalgia
   ela mexeu em meus guardados,
   espalhou o caos pela casa,
   questionou minhas verdades,
   contrariou minhas vontades,
   deixou veias e artérias entupidas,
   cicatrizes em meu coração.

   Como se fosse a paixão
   ela disse que era um sonho,
   deixou marcas, mapas, vestígios,
   escreveu muitos poemas
   e assim sem mais nem menos partiu,
   deixando cheiro de ausência
   entranhado em minhas mãos.

   Como se fosse o amanhã
   ela deixou janelas e portas abertas,
   necessidade de continuar no caminho
   e eu tive que me reconstruir por inteiro,
   renascido das minhas cinzas,
   poeta dos meus escombros,
   passageiro da solidão.

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