sábado, 2 de agosto de 2014

FEITIÇO DE AMOR

   NALDOVELHO

   Num emaranhado de impossibilidades
   colhi caminhos, desvios, atalhos,
   escolhas, muitas delas erradas,
   uma lua indecorosamente linda
   e de um encontro perto da arrebentação,
   restaram escamas em meu corpo espetadas,
   que sangram toda a vez que eu toco,
   inflamadas as entranhas faz tempo.

   E no ar a estranha sensação
   de já ter visto este filme,
   de conhecer de antemão o final.
   Feitiço de amor se bem feito, não tem jeito...
   só o tempo consegue curar.

   Nada de novo nas horas,
   é sina do poeta perder o rumo,
   colher versos em desaprumo,
   escarafunchar sombras em noites escuras
   e depois ficar dias e noites em clausura,
   tentando esquecer o seu cheiro,
   procurando remendar os pedaços,
   na tola esperança de voltar a ser inteiro.

   E a musica que você cantava
   continua ainda hoje em meus ouvidos,
   e apesar das ranhuras, apesar das fraturas,
   eu digo que valeu!


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