segunda-feira, 25 de agosto de 2014

CAMINHANDO

   NALDOVELHO

   Caminhando pelas minhas vontades
   eu visitei puteiros, vespeiros,
   lugares ermos solitários,
   becos sombrios e fedorentos,
   amei mulheres estranhas,
   me apaixonei por inteiro,
   vi meu corpo retalhado,
   maldita e afiada navalha,
   não perdi uma gota de sangue.

   Caminhando pelas madrugadas
   eu percorri trilhas de desassossego,
   bebi toneis de aguardente,
   fumei muitos baseados ,
   seduzi e fui seduzido
   por uma formosa sereia,
   até hoje corre em minhas veias
   o veneno que eu bebi em seus lábios,
   história que eu ainda não contei.

   Caminhando pela poesia
   eu descobri a magia das águas,
   aprendi a me reconstruir nos escombros,
   a encontrar um jeito de voltar,
   a submeter minhas vontades,
   a vencer minhas paixões,
   a amanhecer e colher na luz do sol
   o milagre da restauração,
   a continuar mesmo depois do meu fim.

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