segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

AQUELA SENHORA

    NALDOVELHO

    E aquela senhora
    do alto dos seus
    nem sei quantos anos 
    buscava em seus panos
    bordados que contassem
    sua história de amor.

    E enquanto o fazia,
    chorava de saudade
    das trilhas, feitiços,
    das ervas, das rezas,
    do carinho e dos sonhos
    e exorcizava sua dor.

    Aquela senhora
    bordou em seus panos,
    caminhos de ternura,
    dias e noites de paixão,
    mas bordou também suas perdas,
    suas rugas, cicatrizes,
    rosas lindas e espinhentas,
    nostalgia e solidão. 

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