domingo, 27 de julho de 2014

POBRE MENINA TRISTE

   NALDOVELHO

   E aquela menina dobrou a esquina,
   na esperança de que em outra rua
   ela fosse encontrar uma vida
   que fosse melhor que a sua.

   E assim andou por uns tempos
   a descortinar caminhos,
   fortunas, ternuras, carinhos
   e quem sabe um lugar que fosse só seu.

   Dançou como se fosse bailarina,
   colecionou amores e dores,
   teve que usar muitas armaduras,
   foi atriz e meretriz.

   Vivenciou muitas lágrimas,
   foi rainha em muitos lugares,
   perambulou por madrugadas incertas
   e bêbada de solidão chorou mais uma vez.

   E aquela menina, outro dia,
   dobrou sua última esquina
   e o fez com sua melhor vestimenta,
   voltou para a rua que um dia fora a sua.

   Parou em frente a sua velha casa,
   entrou como se nada tivesse acontecido,
   foi para o seu quarto, pegou suas bonecas
   e de lá nunca mais saiu.

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