NALDOVELHO
Não me peçam para falar
dos amores que eu tive!
Nem foram tantos assim.
Só guardei as despedidas,
e algumas poucas feridas
que vez por outra ainda doem
e se mexo e remexo,
costumam sangrar.
Não me peçam para falar de amor,
encontros e partidas,
coisas guardadas,
lembranças sagradas...
Deixem que eu fale de outras
coisas,
de preferência as que sejam mentiras,
elas não geram poemas
e são ótimas para anestesiar
meu coração.
Deixem que eu fale
da gargalhada sem juízo,
da possibilidade de viver
perdido em meus labirintos,
dos fantasmas que perambulam
pelos corredores da minha casa,
das sementes de baobá
impunemente cultivadas
e do caminhar em desleixo
pelo lado errado da estrada.
Não me peçam poemas de amor!
Não saberia escrevê-los
sem revelar minha dor.
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