quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

POEMA PATÉTICO


    NALDOVELHO
 

    Quando o destino apronta
    embaraça nossos fios
    e a paixão nos causa arrepio;
    como evitar a secura nos lábios,
    as lágrimas assanhadas,
    as mãos trêmulas e abusadas;
    como evitar a inquietação?

    Se o que me ofereces
    é doce, licoroso e branco;
    como evitar a embriaguez
    própria dos fracos de coração?

    Se o quê se apodera de minha alma
    é alimento para tantos
    e patéticos poemas;
    como me libertar do jugo
    de quem me devora em postas,
    se banqueteia no meu sangue,
    crava suas unhas em minhas costas
    e me olhando nos olhos
    sorri sem a menor compaixão.

    Quando o destino nos embaraça os fios,
    é melhor deixar que me incendeiem a casa,
    ter labaredas no meu corpo em brasa,
    pois por mais que me digam ao contrário
    eu não quero te dizer não.

 



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