NALDOVELHO
Amanhecer nostálgico, janeiro,
e ao me libertar dos lençóis
me vejo envolto em sutilezas.
Lá fora o sol sem alarde afugenta as sombras,
é luz demais para que possam resistir.
Aqui dentro do quarto a preguiça é um fato.
Vou até a cozinha e passo um café,
chego a tempo de ver pela janela
beija-flor namorando a flor mais bela,
sabiás atracados na figueira,
e o pé de amora, coitado,
deita suas folhas secas pelo chão.
Vou para a sala, abro portas e janelas,
na varanda um cachorro de louça,
guardião da minha solidão.
Nos jornais as notícias de ontem;
por aqui, a vida diz que adora os poetas,
me beija a boca
e me convida para dançar.
Bom dia janeiro.
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