terça-feira, 8 de janeiro de 2019

MANHÃ DE JANEIRO


    NALDOVELHO


    Amanhecer nostálgico, janeiro,
    e ao me libertar dos lençóis
    me vejo envolto em sutilezas.
    Lá fora o sol sem alarde afugenta as sombras,
    é luz demais para que possam resistir.
    Aqui dentro do quarto a preguiça é um fato.

    Vou até a cozinha e passo um café,
    chego a tempo de ver pela janela
    beija-flor namorando a flor mais bela,
    sabiás atracados na figueira,
    e o pé de amora, coitado,
    deita suas folhas secas pelo chão.

    Vou para a sala, abro portas e janelas,
    na varanda um cachorro de louça,
    guardião da minha solidão.
    Nos jornais as notícias de ontem;
    por aqui, a vida diz que adora os poetas,
    me beija a boca
    e me convida para dançar.

    Bom dia janeiro.




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