sábado, 15 de fevereiro de 2014

PROSA DESTRAMBELHADA - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

   NALDOVELHO

   Outro dia ao entardecer
   do parapeito daquela janela,
   a palavra ensandecida
   despejava montes de impropérios.
   Gritava em alto em bom tom,
   que a mulher louca da casa da frente
   havia expulsado a todos,
   papagaio, cachorro, parente;
   que teimava em desfilar nua
   e dava gargalhadas indecentes
   toda a vez que lhe batiam a porta;
   que o velho da casa do lado,
   faz tempo, não tomava banho,
   e gostava de dançar pelado
   fingindo estar apaixonado
   por alguém que só ele via;
   que a mocinha do quarenta e dois
   traia o seu namorado
   com o garoto daquele sobrado,
   que por outro lado era apaixonado
   por aquele branquelo sarado
   que trabalhava na padaria;
   que diariamente, quase noitinha,
   na casa vizinha a minha,
   a mulher no homem batia,
   e ele coitado chorava,
   até que condoída ela o abraçava
   e trepavam loucamente,
   achando que ninguém via.

   Todos os dias ao entardecer
   o poeta vira um voyeur
   e vasculha toda a cidade
   em busca de inspiração
   para uma prosa destrambelhada...

   Coisa de quem não tem nada pra fazer!!!

2 comentários:

  1. Mas que prosa destrambelhada mesmo gostei de ler esta maravilha não deixe este seu lado poetico amo.Ilca Karla Santos

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  2. Sua inspiração não tem limites, e viajo nessa sua prosa destrambelhada como se tudo fosse real...adorei....bjos amigo poeta
    heloisa crosio

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