quinta-feira, 9 de agosto de 2018

PRISIONEIRO DA MINHA SOLIDÃO


    NALDOVELHO

    Você nos disse que um dia
    estaríamos crescidos
    e que não mais escutaríamos
    vozes em nossos ouvidos,
    que não existiriam
    feridas em carne viva,
    tão pouco inquietudes
    a perturbar nossas vidas;
    mas o tempo passou,
    e nós ainda estamos perdidos,
    sem saber se o rumo escolhido
    vai nos levar a algum lugar,
    ou se nossas raízes irão frutificar.

    Você nos disse que um dia
    o amor iria nos preencher,
    que ele abriria portas
    e que se caminhássemos de mãos dadas
    seria difícil alguém nos separar,
    e por isso todas as promessas,
    ternuras, loucuras, coisas sagradas,
    próprias de quem ousou sonhar;
    mas o tempo passou
    e quando eu olho ao redor
    você já não mais está,
    e a nossa música continua a tocar,
    e a nostalgia insiste em me assombrar.

    Você me disse que um dia
    eu aprenderia a perceber,
    e que quando isto acontecesse
    a dor que eu sinto não iria mais doer;
    mas o tempo passou
    e eu só percebo vestígios
    da minha imensidão,
    e das paredes que me cercam,
    palavras num idioma estranho;
    algumas eu já consigo compreender,
    a maioria não!
    Acho que por isto que eu ainda sou
    prisioneiro da minha solidão.

 

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