NALDOVELHO
    É da minha essência 
    a luz que alumia meus passos,
    a lua que suaviza o meu espírito,
    o orvalho que cicatriza feridas,
    as madrugadas que habitam meus sonhos...
    Daqui a pouco o sol acontece,
    manhãs preguiçosas de inverno
    e eu envolto em cobertas
    sinto o cheiro do café encorpado bem forte,
    lá fora a passarinhada faz uma prece,
    linguagem de anjo em versos,
    sinfonia igual eu nunca ouvi.
    É da minha essência
    a nostalgia que assombra meus dias:
    vontade de dizer o quanto eu te amo,
    saudades que eu guardo do teu cheiro,
    do frescor do teu corpo inteiro,
    do tempo dos cigarros compartilhados
    em que eu era feliz e não sabia
    e ainda que hoje eu viva de
recomeços,
    estará sempre faltando um pedaço
    que por pura maldade você levou. 
    Coisa mais sem graça a casa vazia
    e não saber onde você está.
    É da minha essência
    a solidão que me devora,
    a esperança de quem olha pro céu e
ora;
    se não acreditar coração não aguenta
    e embora eu saiba que dia desses ele
arrebenta,
    o poema é sempre uma bênção,
    magia que eu pratico faz tempo,
    colheitas de quem sondou firmamentos,
    sobreviveu aos seus muitos tombos,
    aprendeu linguagem dos anjos, 
    pois apesar da tamanha inquietude
    é da minha essência acreditar em Deus.

 
Nenhum comentário:
Postar um comentário