sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

MORRER DE AMOR PELA ÚLTIMA VEZ - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

   NALDOVELHO

   E se eu pudesse quebrar as vidraças,
   estilhaçar meus espelhos,
   expulsar do quarto as traças,
   jogar fora os relógios,
   rasgar todos os poemas,
   exorcizar meus fantasmas,
   deixar de sentir saudade,
   morrer de amor pela última vez?

   E se eu pudesse falar um monte de bobagens,
   dar gargalhadas indecentes,
   beber de novo tonéis de aguardente,
   fumar um baseado inteiro,
   cometer mais um caminhão de heresias,
   pintar quadros ao invés de escrever poesias,
   andar pelado pelas ruas da cidade,
   morrer de amor na mais tenra idade?

   E se eu pudesse ignorar minhas feridas,
   sorrir a cada ofensa recebida,
   descobrir onde mora a esperança,
   voltar a ser uma ingênua criança,
   tirar você para mais uma dança,
   me ajoelhar aos pés da Virgem Maria,
   confessar os meus pecados,
   cometê-los todos de novo?

   E se eu pudesse morrer de amor pela última vez?
   E se isto me acontecesse na mais tenra idade?
   E se eu pudesse pedir perdão a você?


4 comentários:

  1. ótimo, poeta! Compartilho o sentimento...

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  2. Mais um poema que deixa a beleza, a sensibilidade e a competência expostas em versos.
    Com o meu carinho e admiração sempre!

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  3. Fantastico meu querido poeta.Ilca Karla Santos

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