NALDOVELHO
Ontem pela manhã,
logo após o nascer do dia,
um vento arruaceiro
invadiu meu quarto
e trouxe cheiro de mato,
alvoroço de pássaros bisbilhoteiros,
que a todo custo tentavam
trazer notícias dos longes.
Algazarra danada,
pois cada um queria ser o primeiro
a me passar as novidades:
dizer que o amor foi mais forte
e que apesar da distância,
sobreviveu em nós o encanto.
Ontem pela manhã,
logo após o alvorecer,
a saudade tomou conta do meu canto
e trouxe cheiro de alfazema,
o som de um piano
visceralmente doído,
um poema orvalhado e sentido,
lágrimas no canto dos olhos,
e uma vontade de fazer um escândalo,
abrir a janela para o mundo e dizer:
ainda te amo!
Ontem pela manhã,
um café quente e encorpado,
a vontade de fumar um cigarro...
Lá fora, chuva fina, vento frio,
prenúncio de outono;
aqui dentro, sobrevive o espanto,
e um passarinho arruaceiro
a sussurrar em meu ouvido:
ainda é tempo, hora de recomeçar,
pois em algum lugar desta estrada
nós vamos nos reencontrar.
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