terça-feira, 17 de janeiro de 2017

NADA MAIS LEVAREI

    NALDOVELHO

    Nada mais levarei
    além da vida que me consome,
    nem mesmo o poema que tem o seu nome,
    eu levarei.
    Não levarei o esquecimento das pessoas,
    as lágrimas que às vezes escoam,
    os espinhos dos amores que eu inventei,
    mesmo os versos que eu lhes dediquei,
    não levarei.

    Nada mais levarei
    além da magia dos sonhos que eu sonhei,
    mesmo os pesadelos em que eu me enredei,
    não levarei.
    Não levarei a inquietude, as perdas, o quanto eu errei,
    a nostalgia que habita minhas madrugadas,
    os descaminhos de minha jornada,
    nem mesmo as saudades que por tolice eu chorei,
    eu levarei.

    Nada mais levarei
    além da esperança que permeia o meu entardecer,
    nem mesmo a solidão que costuma me corroer,
    eu levarei...
    Mesmo a inevitável dor da minha morte,
    não levarei.

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