NALDOVELHO
   Sabe
aquele beijo?
   Talvez
você nem lembre direito!
   Mas
ao mesmo tempo em que trouxe
   o
gosto ardido da paixão, 
   abriu
ferida, causou dor.
   Talvez
você nem consiga imaginar 
   meu
lamento, minha saudade,
   e
a nostalgia que sem cerimônia se instala, 
   e por maldade deixa coisa mal resolvida, 
   querência,
desejo e demência,
   e
uma vontade incontrolável
   de
ficar abraçado, quieto, ao seu lado.
   Sabe
aquele beijo?
   Até
hoje ele sobrevive 
   no
silêncio da lágrima
   que
na hora da despedida 
   se
acovardou e não chorou.
   Sabe
aquele beijo?
   Não
saberia escrever-lhe um poema
   que
gritasse ao mundo o que o poeta sente,
   o
quanto ele amou e até hoje ama...
   Não
saberia fazê-lo sem ser patético
   a
ponto de sozinho em meu quarto
   olhar
para o seu retrato
   e
confessar que não tenho mais coragem
   de
chorar versos de amor e dor.

 
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