Portas fechadas, ruas
desertas,
nenhuma conversa,
janela entreaberta,
silêncio inquietante em
quarto minguante
e o telefone se toca,
desculpe, é engano!
Cidade vazia, distante
e perversa...
Sobrou um perfume e um
livro estranho.
Cidade dos anjos,
caídos, sem sonhos,
de asas quebradas já não
podem voar.
Ainda resta um poema de
versos profanos
e na madrugada que segue vazia de
planos
um bolero arrastado, um
tango e um blue,
avisam que o dia ainda
custa a chegar.
E mais uma dose de pura
aguardente...
A sede que eu tenho já
faz tantos anos,
cicatrizes que trago, a
maioria latentes,
algumas ardidas ainda
sangram se toco,
outras antigas, exibidas
nos olhos,
que vez por outra ainda
choram
se me ponho a lembrar.
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