NALDOVELHO
Lâmina afiada corta a carne,
expõe entranhas, sangue
visguento.
Mexo e remexo, exploro
vísceras,
mãos como pinça extraio a dor
cristalizada, faz tempo, dentro de mim.
Extraio a saudade e a lágrima
covarde,
semente de outono chorada pra
dentro.
Estanco o sangue, costuro o
corte
e em cima da mesa deposito
tristezas,
papel em bandeja, macero o
tumor.
Nasce um poema, lirismo ao
avesso.
Apago o abajur, já posso
dormir.
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