NALDOVELHO
Estreitas
passagens impedem a viagem,
retardam o
regresso do pecador, confesso,
que envolto
em chamas busca e clama
pela
misericórdia do perdão.
Promete
reformas, se empenha e ora
e diz que
agora vai ser diferente.
Enroscada num
canto a serpente observa,
sibila
satisfeita, sorri de prazer.
É muito o
veneno que ainda existe em seu ser.
A platéia
entretida assiste ao espetáculo,
querubins
pervertidos, excitados pedem bis.
Estranho
personagem que em insólita viagem,
rasteja pelo
palco, comete bobagens,
embriaga-se
do veneno, interpreta um selvagem
e iludido
pelo aplauso se diz um aprendiz.
Na coxia,
excitado, um arcanjo safado ri do infeliz.
São muitas as
teias, são muitos os dramas,
coadjuvantes
reclamam melhor papel nessa trama
e revoltosos
proclamam o fim do espetáculo.
A platéia
silencia, não entende o enredo,
não percebe
que a morte é a grande atriz.
E o nosso
personagem sai às pressas do teatro,
vai a busca
de um outro palco onde possa ser feliz.
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