NALDOVELHO
As teias do tempo separam
nossos corpos,
alongam distâncias,
estabelecem urgências,
espalham sementes, coisas
nossas, segredos,
complicados enredos de amor e
dor.
Blasfêmia é gritar aos quatro
ventos
o que o deus dos mares nos impede.
Sacrilégio é desprezar nosso
pranto,
é fazer pouco deste sonho.
Desperdício é não
embarcar bem depressa,
é não romper
amarras medonhas,
e permitir que a
danada da aranha
nos envolva em
teias estranhas.
Pecado é não
estar em teus braços,
é não perceber
que este barco
quer navegar
pra bem perto
para que
naufragues em mim.
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