NALDOVELHO
Mar tão bravio fustiga o rochedo dentro de mim.
Força dos ventos,
outono de versos, doídos, confessos,
poemas dispersos,
recolhidos às pressas,
retornam as entranhas.
Calado o verbo,
desafiei a peçonha e não resisti.
Lágrima cristalizada,
inquietude latente,
as horas que passam,
nostalgia presente.
Quem sabe um blues
possa me definir?
Um canto bandido,
ardido e espremido,
uma garrafa de Vodka já
pela metade,
um cigarro queimando
entre os dedos marcados,
um outro esquecido no
cinzeiro largado.
E mais um Blue!
Acho que a Janis Joplin
passou por aqui!
Quem sabe as águas que
chovem insistentes?
São águas de março
lavando a cidade.
Quem sabe outra música,
revelar a saudade?
Eu tenho um segredo
aprisionado, guardado.
Quem sabe a Nana possa
me redimir?
A Caymmi é claro!
A outra é uma poetisa,
entendida em desentranhamentos,
mas anda lá pelas
Gerais, não aparece mais por aqui!
Quem sabe alguém de
palavras certeiras, de versos precisos?
Quem sabe o remédio que
eu tanto preciso
possa abrir a janela,
renovar o ambiente,
me tocar pro chuveiro,
jogar fora o cinzeiro?
Quem sabe um poema
brotando em vertentes
faça ressurgir o poeta
que acredita na vida?
Quem sabe uma outra
música?
Um piano, uma valsa?
Só não quero um bolero,
senão eu choro!
Quem sabe amanhece e o
mar bravio pare
de fustigar o rochedo
que existe dentro de mim?
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