No espelho
vejo marcas,
linhas
gastas, cicatrizes,
cabelos
brancos, bem curtinhos,
barba rala,
já grisalha,
olhos
tristes, marejados,
algum
vestígio de coragem,
lábios finos,
ressecados,
um sorriso
disfarçado
e a peçonha
gotejando.
O veneno
ainda atua,
apesar dos
muitos anos.
Vejo mãos já
calejadas
pela lida do
caminho,
por
“semeios”, por espinhos,
por
colheitas, por escolhas,
parte delas
equivocadas,
pelas perdas,
foram tantas,
pelos ganhos
que eu preservo,
pelos sonhos,
ainda os tenho.
No espelho
vejo um homem,
meio tolo, um
poeta
que ainda
teima e faz planos,
que acredita
em gnomos,
feiticeiras e
sereias
e traz no
corpo tatuagem
feita em
tempos de tormenta,
um desmanche
de feitiço,
foi mordida
de serpente,
vez por outra
ainda sangra
e na saudade
ainda inflama,
nunca mais
cicatrizou.
infinitas gracias poeta por regalarnos tus bellas letras, besinos de esta amiga admiradora.
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