domingo, 18 de setembro de 2011

POEMAS SUJOS (LUZ E SOMBRAS)

NALDOVELHO

Tem dias que eu derramo
coisas ácidas pelo caminho,
tipo intempéries da alma,
nada que se aproveite depois,
e ao olhar para traz eu percebo
minha história em decomposição.

Tem dias que eu desprezo
as flores e colho os espinhos,
e por mais que critiquem minha loucura,
teimo em fazer sangrias
na pele ressequida pela solidão.

Tem dias que brinco
de colecionar filetes de pedra,
e por mais que lhes possa parecer estranho,
com eles cometo poesia de pura transgressão.

Tem dias que as palavras maceram poemas sujos,
beija-flor vez por outra mergulha no mangue...
Faz parte da evolução.

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