terça-feira, 11 de setembro de 2018

UM BRINDE A VIDA


    NALDOVELHO

    Toda a vez que amanhece
    eu brindo aos meus recomeços,
    brindo a possibilidade do desafio,
    ao inevitável arrepio,
    e pelas ruas da minha cidade
    eu colho pétalas, nostalgia, saudades,
    pois assim vive o poeta
    que teima em explorar sua imensidão.

    Toda a vez que amanhece
    eu agradeço a Deus com uma prece,
    mãos espalmadas a acariciar o tempo,
    asas abertas ao sabor do vento
    e revejo planos, compreendo desenganos,
    pois a possibilidade de realizar meus sonhos
    é chama acesa que aquece meu coração.

    Toda a vez que entardece
    eu brindo a possibilidade do amanhã,
    ainda que minhas pernas estejam fracas,
    meus olhos lacrimejem de cansaço
    e minha voz viva aprisionada na garganta,
    restaram as palavras que eu amo,
    e o dom de fazê-las fluir de minhas mãos.

    Toda a vez que anoitece
    eu percebo a suavidade que emerge
    da melodia que abençoa meus passos,
    das águas do mar que acariciam o rochedo,
    da lua que lá do céu conspira em segredo
    para que eu possa me deliciar com mais uma dança,
    pois mais do que nunca, viver é uma paixão.

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