segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

SUAVE É A NOITE

    NALDOVELHO

    Suave é a noite que transpira outono,
    mês de maio que me abre a janela,
    destila em poemas meus sonhos,
    dá brilho a saudade que eu sinto dela,
    diz que nostalgia é coisa à toa,
    e inconveniente como ela só,
    nem pede licença, diz que veio para ficar.

    Suaves são os acordes do meu violão,
    canção, toada, cantiga de ninar,
    que acariciam meus ouvidos,
    dão sentido aos meus versos,
    e seduzem lua cheia que se aprochega da janela,
    e me pede para entrar,
    diz que traz a cura dos meus males,
    mas ela mente!
    É só mais uma dose de veneno,
    que eu vou ser obrigado a tomar.

    Suaves são os amanheceres de maio,
    a noite já foi embora,
    deixou em minha cama seu cheiro,
    perfume inconfundível de lua cheia,
    travesseiro amassado, jogado num canto,
    lençóis e fronhas molhadas,
    e a cidade ignora meus versos,
    meus cortes, minha saudade, meus sonhos,
    e diz que já é hora de acordar.







Um comentário:

  1. Saudade desses versos ditados por uma alma intensa e bela. Alma de um bardo que nasceu para brilhar à luz da poesia!
    Esteja bem, querido amigo. Sua fã, sempre.

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