terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

PALAVRAS DE ENCANTAMENTO

    NALDOVELHO

    A poesia me agride
    toda a vez que eu me calo. 
    Ela queima em minha pele,
    faz sangrar minha carne,
    soca a boca do meu estômago,
    tumultua os meus dias
    até que eu me pronuncie.

    A poesia me escreve
    bilhetes desaforados
    toda a vez que eu me afasto.
    Ela brota do papel
    em gotas ácidas
    que penetram pelos meus poros
    e envenenam meu corpo.
    A poesia me destrói pouco a pouco
    e afirma que só assim
    eu apaziguarei meu coração.

    A poesia me alicia,
    promete mundos e fundos,
    me escraviza, me agonia
    e em momento algum
    ela perguntou se eu queria,
    e por mais que eu sonhe
    em ser uma pessoa qualquer,
    ela vem e assopra em meu rosto
    palavras de encantamento e solidão.

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