NALDOVELHO
No final daquela rua existe uma travessa e dentro dela só uma
casa, calçadas ajardinadas onde floriam bromélias e azaleias, ambiente propício
para um sonho. Faz tempo não passo por lá.
No final daquela rua uma história, um romance... Menina sonhadora
a procura do seu príncipe encantado, acabou apaixonada pelo menino que morava do
outro lado da rua, e que não era encantado, tão pouco príncipe, estava mais
para Zébedeu. Não que ele fosse abestalhado, mas por ser um zero à esquerda e não
ter nada de seu.
No final daquela rua o pai não quis saber de conversa, e na
entrada da travessa mandou colocar um portão, alto e gradeado, e um cachorro
enorme de dentes arreganhados para qualquer um que passasse, guardião na
entrada do lugar que eu pensava ser o céu.
No final daquela rua a menina passou a viver triste e
angustiada. O cachorro de dentes arreganhados mordeu o seu amor e destruiu
bromélias e azaleias, e a travessa antes ajardinada passou a ser sombria e
triste, nada mais restou.
No final daquela rua existe uma travessa e dentro dela só uma
casa, calçadas tomadas por arbustos espinhentos, e ninguém mais mora por lá. Dizem
que a mocinha ficou doente, e depois de algum tempo foi morar bem depois do Oriente,
num lugar de eterno conforto e até hoje anda por lá.
O menino que antes era chamado de Zébedeu, hoje é moço
bonito, fica triste quando se lembra desta história, e tem saudade da menininha
que morava na casa da travessa, recorda do dia que ela foi embora e da dor do
pai que não queria conversa, que segundo conta a lenda, deu um fim no cachorro de
dentes arreganhados e desapareceu.
O menino, antes chamado de Zébedeu, anda até hoje perdido pelas ruas, dizem que é poeta! E eu só sei que apensar de ter conseguido um tudo
nesta vida, ele ainda acha que nada tem que seja de seu.
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