segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ZÉBEDEU


NALDOVELHO

No final daquela rua existe uma travessa e dentro dela só uma casa, calçadas ajardinadas onde floriam bromélias e azaleias, ambiente propício para um sonho. Faz tempo não passo por lá.

No final daquela rua uma história, um romance... Menina sonhadora a procura do seu príncipe encantado, acabou apaixonada pelo menino que morava do outro lado da rua, e que não era encantado, tão pouco príncipe, estava mais para Zébedeu. Não que ele fosse abestalhado, mas por ser um zero à esquerda e não ter nada de seu.

No final daquela rua o pai não quis saber de conversa, e na entrada da travessa mandou colocar um portão, alto e gradeado, e um cachorro enorme de dentes arreganhados para qualquer um que passasse, guardião na entrada do lugar que eu pensava ser o céu.

No final daquela rua a menina passou a viver triste e angustiada. O cachorro de dentes arreganhados mordeu o seu amor e destruiu bromélias e azaleias, e a travessa antes ajardinada passou a ser sombria e triste, nada mais restou.

No final daquela rua existe uma travessa e dentro dela só uma casa, calçadas tomadas por arbustos espinhentos, e ninguém mais mora por lá. Dizem que a mocinha ficou doente, e depois de algum tempo foi morar bem depois do Oriente, num lugar de eterno conforto e até hoje anda por lá.

O menino que antes era chamado de Zébedeu, hoje é moço bonito, fica triste quando se lembra desta história, e tem saudade da menininha que morava na casa da travessa, recorda do dia que ela foi embora e da dor do pai que não queria conversa, que segundo conta a lenda, deu um fim no cachorro de dentes arreganhados e desapareceu.

O menino, antes chamado de Zébedeu, anda até hoje perdido pelas ruas, dizem que é poeta! E eu só sei que apensar de ter conseguido um tudo nesta vida, ele ainda acha que nada tem que seja de seu.



Nenhum comentário:

Postar um comentário