NALDOVELHO
Ela gostava
de traçar caminhos
que me trouxessem
de volta ao cais,
e quando eu ali
chegava
invariavelmente
a encontrava
vestida de
horizonte,
perfumada e
amante,
com seus
olhos de devorar,
com sua boca
de beijar,
beijos adocicados,
vermelhos,
molhados.
E ela
gostava de sussurrar indecências
nos meus
ouvidos atentos,
e de dar de
beber aos meus lábios sedentos,
e assim me
abrasava em seu colo,
se
embaraçava em meus pelos,
depois,
adormecia e ronronava
sonhos de
varar madrugadas,
para no dia
seguinte
transformá-los
em poesia,
mantras
sagrados de maré cheia,
que cada vez
mais me seduziam
e eu não
sabia!
E ela
gostava que eu fosse embora,
só para
poder sentir saudades, ela dizia,
só para
poder chorar distâncias,
e aí, escrevia
mais poemas,
e esculpia
nas pedras seus sonhos,
e assinava
embaixo meu nome...
Muito do que
lhes conto hoje, lhe pertencia,
só que na época
eu não sabia.
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