sábado, 13 de setembro de 2014

CASARÃO ABANDONADO

    NALDOVELHO

    Havia um casarão abandonado
    na entrada daquela rua,
    e num imenso quintal
    uma mangueira frondosa escondia
    morcegos e fantasmas.
    Manga daquele pé ninguém colhia,
    caiam no chão e apodreciam.
    Medo de virar vampiro,
    ou então alma penada.

    Na entrada daquela rua
    um casarão abandonado,
    por lá muitas histórias,
    os antigos é que contavam.
    Um dia, um cabra arretado
    trouxe um machado
    e derrubou a mangueira,
    depois vieram as máquinas,
    e lá se foi o casarão.

    Na entrada daquela rua
    um terreno baldio 
    e por lá fantasmas e morcegos.
    Brincar naquele lugar
    ninguém queria,
    medo de virar alma penada
    ou então vampiro.

    Um dia vieram os homens,
    ergueram um novo casarão,
    e abriram um orfanato,
    e naquele imenso quintal
    plantaram muitas árvores
    para acolher os morcegos,
    e no fundo do terreno
    construíram uma capela,
    só para abrigar os fantasmas.

    Parece que o padre
    que toma conta do orfanato
    fez com eles um trato:
    o padre no altar,
    os fantasmas na sacristia,
    e os morcegos nas árvores
    tomando conta dos pecados
    que o povo gosta de praticar.
    Se confessar naquela capela
    ninguém queria!
    Medo de ficar órfão
    e ter que morar no casarão.

    Eu é que não vou lá!
    Medo de virar vampiro.
    Alma penada então:
    nem pensar!



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