sábado, 20 de setembro de 2014

SETEMBRO

    NALDOVELHO

    Ah! Este sossego de águas mornas,
    de vento macio a causar arrepio,
    de amenidades das horas
    que às vezes são tão generosas comigo,
    de manhãs suaves de setembro,
    de azaleias floridas na janela,
    de passarinhada na amoreira,
    de não querer saber do mundo lá fora,
    de aconchego, quietude, silêncio,
    de poesia sendo gestada aqui dentro.

    Ah! Este sossego construído faz tempo
    por estradas acidentadas, ardências,
    inquietudes, loucuras, querências,
    de cicatrizes espalhadas pelo corpo,
    já não doem, mais parecem medalhas,
    coisa adquirida nas esquinas desta vida
    e no labutar constante nos escombros
    na busca de me reconstruir por inteiro,
    pois ainda que me faltem pedaços,
    eu os preencho quando estou em teus braços.

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