NALDOVELHO
Esses aí que nem sabem amar direito
e que falam na língua dos homens
o que os olhos não demonstram,
que invadem o mundo dos outros
e se apropriam do que não lhes pertence;
não sabem do cultivo e da perda,
não sentem a fome do próximo,
apesar de dizer que se importam
com a dor dos seus irmãos.
Esses aí que nem sabem do carinho,
mas que falam na língua dos homens
coisas que suas almas ignoram
e gritam palavras de ordem,
mas desconhecem a palavra compreensão;
não sabem erguer abrigos
que possam receber desvalidos,
tão pouco da arte de transformar o inimigo
num novo amigo e irmão.
Esses aí que não conhecem a ternura,
que só são fraternos com os seus iguais,
que criam os seus na intolerância
e que enriquecem explorando a ignorância;
não percebem que irão à loucura,
pois um dia terão que viver na amargura
dos que em verdade nunca souberam
construir caminhos de imensidão.
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