quarta-feira, 24 de setembro de 2014

PEQUENAS RANHURAS

    NALDOVELHO

    Nas paredes da minha casa
    eu percebo pequenas ranhuras,
    minúsculas rachaduras.
    Delas brotam gotículas,
    como se a casa toda transpirasse
    pelo esforço de me manter
    vivo e protegido.
    Percebo também
    que paredes têm ouvidos
    e que com elas eu posso conversar.
    Prestando bem atenção,
    chego a ouvir
    batidas de um coração.
    Já sei quando estão felizes,
    sei até quando estão zangadas,
    elas não conseguem disfarçar.
    Ontem por exemplo eu percebi
    paredes entristecidas!
    Acho que elas sofrem comigo...
    Toda a vez que escrevo
    sobre saudade ou nostalgia,
    eu o faço nos braços de um bolero,
    ou então sob a melancólica ardência 
    de um cool jazz.
    Preciso ensinar as paredes
    que elas não precisam se desesperar,
    é só poesia!

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