NALDOVELHO
E por falar em pedras:
eu tenho muitas
espalhadas sobre a mesa,
algumas, pequeninas, redondinhas,
mareadas pela força das
águas,
colhidas sem nenhuma
pressa
numa praia enluarada e
deserta,
lembranças que eu tenho
de um tempo
quando caminhávamos lado
a lado...
tempos de maré cheia,
pés descalços na areia
e num cigarro
compartilhado,
a cumplicidade dos amantes.
Pedras lapidadas, cristalinas,
e delas minam águas,
saudades que eu tenho
de nós dois!
Outras, de afiadas arestas,
se olhar bem, vestígios
de sangue,
retiradas das
entranhas,
sementes que cresceram
impunemente
por lágrimas choradas
pra dentro,
hoje em cima da
mesa para serem lapidadas
pela força de um poema
que abra uma janela para o
depois.
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