quinta-feira, 25 de setembro de 2014

PARECE QUE NÃO TEM CURA (R)

    NALDOVELHO

    A noite veio assuntar a menina,
    chamou-a pelo seu nome de princesa
    e trouxe braçadas de estrelas
    para poderem brincar.
    Algumas, exuberantes,
    mais parecem diamantes;
    outras pequeninas,
    pontinhos brilhantes,
    lembram purpurina.
    A menina adora ficar na janela
    imaginando histórias,
    passa horas e horas
    conversando com os pontinhos no céu,
    estrelas que a noite não trouxe para brincar,
    deixou lá nos distantes.
    Às vezes vagalume vira estrela,
    e a menina caí na risada e inventa que é cadente.
    A mãe anda preocupada,
    acha que ela sonha demais.
    Outro dia entrou de repente no quarto
    e pegou a menina escrevendo num diário.
    A menina disse que eram poemas.
    A mãe ficou mais preocupada ainda,
    tanto, que anda até procurando uma rezadeira.
    Mas parece que isto não tem cura!
    Tem gente que vive uma vida inteira procurando
    e não consegue sarar.
    A noite adora beijar os olhos da menina,
    diz que é para ela melhor sonhar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário