NALDOVELHO
Queres boas notícias?
Como, se também não as têm! Além do quê, é ofício do poeta transformar em
beleza aquilo que é feio, dissolver coisas cristalizadas, desatar em nós os
nós. É ofício sagrado materializar energias, emoções, falar da dor e do
abandono, da saudade que se tem, da nostalgia que nunca se acaba, e de tudo
aquilo que não nos faz bem.
Pois então minha
amiga! Vamos pregar a Paz, mostrando a guerra e o quanto ela pode ser cruel?
Vamos disseminar o amor, lamentando o desamor e o vazio que fica? Eu rogo pela
presença chorando a ausência, pois você sabe o quanto um dia, seremos capazes
de amar.
É sina do poeta,
crescer pela inquietude, desafiar a maldição do tempo, sendo eternos enquanto
poema, e infinitos em nossas sementes. É missão do poeta ser água que jorra da
fonte e que prossegue irrigando em vertentes, e inunda toda esta terra. É nosso
fardo e feitiço dizer da amargura que se carrega por tanta e tamanha loucura,
pois Deus assim nos fez, e o que Ele nos pede? Crescer como arautos que somos
dos conflitos que nunca se acabam, do desgaste que tanto consome, e da ironia
da lapidação, transformando-nos de pedra bruta, em puro cristal, evolução!
Esteja certa! O nosso acesso se faz entre os ais!
As boas notícias: é
que continuamos na estrada, é que fomos escolhidos, é que somos fortes, é que a
capacidade de transferir para nós o sofrimento do mundo é inesgotável, é que
através do nosso pranto semeia-se no homem a capacidade de reflexão e de
compreensão das coisas.
Num mundo perfeito
não existirão poemas e todos seremos poetas. Num mundo perfeito seremos poesia,
e o mais lindo dos enredos não será expresso em palavras, será um estado pleno
de amor à Criação.
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