quarta-feira, 9 de abril de 2014

NO LADO ESCURO DA LUA - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

    NALDOVELHO

    Todo mundo tem uma casa,
    nem que seja só uma casca,
    uma sombra de marquise,
    um banco de jardim,
    uma proteção de viaduto,
    um pedacinho de rua, 
    uma esquina, não importa!
    pode ser até um beco sombrio,
    um lugar que ele chame de seu.
    Eu por exemplo,
    tenho uma pequena
    e sossegada casinha
    no lado escuro da lua
    e é lá que eu me refugio
    toda a vez que sinto saudade
    de alguma coisa ou de alguém.
    E aí, mergulho no silêncio,
    e só volto para o mundo das pessoas
    quando desencravo um poema
    que cure a nostalgia que arde,
    e me restabeleça a vontade
    de viver e caminhar por lugares
    que não são os meus.

    Outro dia uma pessoa
    me ofereceu um cantinho,
    segundo ela, tranquilo e aconchegante,
    uma reentrância num rochedo
    lá pros lados do fim do mundo.
    Eu hem! Quero não!
    Oferta estranha...
    Prefiro o lado escuro da lua,
    pois já me disseram
    que quem vai pro fim do mundo
    nunca mais volta de lá.

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