quinta-feira, 10 de abril de 2014

OLHOS DE PERCEBER - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

    
    NALDOVELHO

    Às vezes, eu tenho olhos de perceber,
    coisas que normalmente
    meus olhos não conseguem ver.
    E então, levo cada susto danado,
    ao perceber que do teu corpo
    brota certa luminescência,
    que vai do amarelo pálido,
    a um deslumbrante tom de dourado,
    e que nas noites de lua cheia,
    teus cabelos brilham como prateados,
    coisa que ninguém mais pode ver.
    E aí, percebo lábios de beijar,
    língua e dentes de devorar,
    seios de aconchego e loucura,
    coxas de me aprisionar,
    pele branca e orvalhada,
    povoada de sardas,
    cada uma em seu devido lugar.
    E se perguntar sei de cor,
    onde cada uma delas mora
    e quais as costumam me provocar.

    Às vezes eu tenho olhos de perceber,
    coisas que normalmente
    meus olhos não podem ver.
    E aí, poeta que sou dos meus desenganos,
    dano de sentir saudades
    das noites molhadas de outono,
    da mulher enluarada dos meus sonhos,
    que mora num mundo distante,
    onde meus olhos descrentes
    quando olham não conseguem ver,
    mas que em vigília ou delírio,
    às vezes conseguem perceber.

    Às vezes eu tenho a impressão
    que dia desses ainda vou te conhecer!


Um comentário:

  1. às vezes eu tenho a impressão
    que percebo sem perceber
    que meus olhos são de te ver

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