Às vezes, eu tenho olhos de
perceber,
coisas que normalmente
meus olhos não conseguem ver.
E então, levo cada susto danado,
ao perceber que do teu corpo
brota certa luminescência,
que vai do amarelo pálido,
a um deslumbrante tom de dourado,
e que nas noites de lua cheia,
teus cabelos brilham como prateados,
coisa que ninguém mais pode ver.
E aí, percebo lábios de beijar,
língua e dentes de devorar,
seios de aconchego e loucura,
coxas de me aprisionar,
pele branca e orvalhada,
povoada de sardas,
cada uma em seu devido lugar.
E se perguntar sei de cor,
onde cada uma delas mora
e quais as costumam me provocar.
Às vezes eu tenho olhos de
perceber,
coisas que normalmente
meus olhos não podem ver.
E aí, poeta que sou dos meus
desenganos,
dano de sentir saudades
das noites molhadas de outono,
da mulher enluarada dos meus
sonhos,
que mora num mundo distante,
onde meus olhos descrentes
quando olham não conseguem ver,
mas que em vigília ou delírio,
às vezes conseguem perceber.
Às vezes eu tenho a impressão
que dia desses ainda vou te conhecer!
às vezes eu tenho a impressão
ResponderExcluirque percebo sem perceber
que meus olhos são de te ver