quinta-feira, 30 de outubro de 2014

TODA A VEZ QUE EU FECHO OS OLHOS

    NALDOVELHO

    Toda a vez que eu fecho os olhos
    eu vejo aquele menino
    de mãos dadas com seus sonhos,
    a caminhar pelas ruas
    destilando desenganos.

    Vira e mexe ele retorna
    e diz que a solidão ainda o devora,
    madrugada pelas ruas,
    aprisionado às esquinas,
    ao sorriso da menina
    que sem mais nem menos
    lhe disse adeus!

    Toda a vez que eu fecho os olhos
    eu vejo aquele menino
    nas ardências da paixão,
    meio bêbado, meio louco,
    tropeçando na saudade,
    abraçado ao arrepio
    das noites nostálgicas de maio,
    com os olhos cheios d’água,
    sem saber como fazer.

    Toda a vez que eu fecho os olhos
    eu vejo o dia nascer:
    praia deserta, chuva fina, outono
    e o menino e suas descobertas
    contabilizadas desde cedo;
    muitas perdas, poucos ganhos,
    muitos danos!

    

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