NALDOVELHO
No meio da
minha desordem:
um sonho interrompido,
um gemido de
dor,
uma ferida em
carne viva,
uma vidraça
estilhaçada,
papeis amontoados
em cima da mesa,
poemas que
eu não consigo escrever
e um monte
de penas
espalhadas pelo
quarto,
coitado daquele
pássaro,
acho que estava
na muda,
não pode
cantar o seu pranto
e ficou encolhido
na
prateleira da estante
até o
inverno passar.
No meio da minha
desordem:
um álbum de
retratos,
um sorriso
amargo no rosto,
um cheiro de
terra molhada,
uma
tapeçaria inacabada,
uma vela de
sete dias
acesa num
canto do quarto,
um gosto
estranho na boca
pela falta
dos teus lábios,
na parede do quarto um quadro,
paisagem gélida e monocromática,
e o tempo a dedilhar
numa viola
uma toada
estradeira
que fala de
amores derradeiros,
foram
tantos, que não cabem mais.
No meio da
minha desordem
esperando o
inverno passar.
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