NALDOVELHO
O tempo que eu tenho por dentro
é diferente do tempo
que me devora por fora.
O de fora destrói meus planos,
e mesmo que eu diga
que ainda há tempo,
ele sorri ironicamente,
enfraquece meu corpo,
enruga minha pele
e diz que o meu coração
é uma máquina com data de validade
e que qualquer hora dessas vai parar.
O de dentro faz diferente:
afaga meus cabelos,
me convida para dançar
e diz que a eternidade
é uma longa estrada
que eu mal comecei a trilhar.
O tempo que eu tenho por dentro
gosta de construir enredos
e traz em suas mãos
as chaves de muitas portas
e diz carinhosamente
que longe é perto para os que sonham
e não se importam com o estrago
que o tempo que nos devora por fora
possa nos causar.
O tempo que eu tenho por dentro
é semente, é alimento, é poesia,
é milagre que alarga meus caminhos,
é rio que se projeta no mar.
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