NALDOVELHO
O silêncio das
águas mortas
a escorrer
pelas ruas
como quem
acompanha uma procissão.
Sexta-feira santa
nas escadarias
da igreja,
na esmola ofertada,
na sacristia
fechada,
num pedaço
de pão
deixado aos
pés de Maria,
na
necessidade da ressurreição.
O silêncio
das coisas tortas,
dos lençóis a
cobrir Teu corpo,
das velas
acesas no altar
e as chamas
incendeiam o tempo,
nem uma
simples brisa se atreve
a conspurcar
o sagrado
da certeza
de um pecado
cometido faz
tempo,
e que até
hoje dilacera
o meu
coração.
O silêncio da
Tua carne,
o Teu sangue
coagulado,
um tonel de
vinho derramado,
e o milagre
da madrugada
no sol que
ilumina as calçadas,
na luz que revela
Tuas chagas,
Tua dor, meus
medos, meus segredos...
E as
lágrimas de Maria
ainda hoje
banham o Teu corpo
estendido no
chão.
O silêncio e
a calmaria,
que
lentamente nos consome
pela
eternidade do perdão.
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