Eu sei de um tempo de terra
molhada,
de casa avarandada na beira da praia,
de caminhos abençoados pela
neblina
num amanhecer friorento de maio.
Eu sei de um tempo encharcado de
carinho,
do olhar amoroso a envolver o
menino,
da ternura que colhíamos a cada
passo,
das águas de um rio a jorrar dos
seus braços.
Eu sei de um tempo de suavidades,
palavras colhidas num livro de poemas,
café encorpado, cigarro compartilhado,
dias e noites aconchegado
ao seu lado.
Eu sei de muitas coisas
preciosas, sagradas,
mas também sei da saudade malvada,
da solidão que toma conta do meu quarto,
de acordar e saber que eu me
perdi de você.
Eu sei do tempo entrelaçando
enredos,
de caminhar pela vida exorcizando
meus medos,
do livro de contos que eu prometi
a você,
que por mais que eu tente não
consigo escrever.
Eu sei que o meu tempo um dia termina
e que a varanda daquela casa assombra meus sonhos
nas madrugadas molhadas e friorentas de outono...
Já perdi a conta dos poemas
dedicados a você.
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